Tip of the tongue ?

Quantas vezes nos deparamos com a necessidade de falar determinada palavra que não “lembramos” e temos aquela sensação de que ela está na ponta da língua? Algumas vezes, sabemos até os fonemas iniciais ou as primeiras letras; geralmente, nos vêm à mente outras palavras (que às vezes chegamos a produzir em voz alta) e até mesmo sensações vagas, mas certamente relacionadas de alguma forma à palavra desejada. Recorremos à lembrança de rostos, situações, estórias, na tentativa de trazê-la à tona. Temos a percepção de saber a palavra, de “saber que se sabe”, mas não conseguimos evocá-la no momento adequado. Apesar de parecer algo muito intuitivo, este fenômeno tem sido alvo de pesquisas no campo da neuropsicologia e da neurolinguística, pois sua descrição e análise podem ajudar a compreender aspectos relevantes do funcionamento semântico-lexical.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Um Poster para o XX Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia

Oi gente, desta vez publicarei aqui o trabalho que apresentei lá em Brasília, no Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia.

O assunto? O de sempre - As palavras na ponta da língua - Só que desta vez, em uma abordagem mais fonoaudiológica, com foco nas afasias. 

Abraços ! 






domingo, 21 de outubro de 2012

Oliver Sacks e Alexander Romanovich Luria

Olá !

Retomando nosso estudo sobre o cérebro, no que diz respeito principalmente a linguagem e a memória, faço este post apenas para atiçar a curiosidade do leitores para um dos grandes pesquisadores do cérebro humano, A. R. Luria.

Digo isto porque ainda teremos muito o que falar sobre Luria aqui neste blog. Mas apenas para introduzir o autor, nada melhor do que outro grande pesquisador da atualidade, Oliver Sacks.

Neste vídeo, Sacks descreve sua relação com a obra de Luria, e mesmo com o próprio autor, com quem  chegou a trocar correspondências.

Aproveitem !



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Uma palavra sobre os TOTs.

Meus queridos entusiastas dos estudos da memória e da linguagem, hoje gostaria de postar um vídeo  da Dra. Burke, uma grande estudiosa que tem diversos artigos publicados sobre os TOTs. Neste vídeo poderemos assistir a uma clássica abordagem de pesquisa das palavras na ponta da língua.

Essa abordagem foi introduzida em 1966, por Brown e McNeill, no famoso artigo "The tip of the tongue Phenomenom". Como já demonstrei em postagem anteriores, a história dos TOTs não se inicia por aí, mas podemos dizer que aí reside o começo da pesquisa objetiva sobre os TOTs, que inaugurou esta concepção metodológica que você pode ver no vídeo.




Essa é uma abordagem quantitativa, empiricamente orientada para o controle dos dados. Apesar de ser  mais descritiva do que explicativa, é muito útil para obtermos informações mais gerais sobre o fenômeno.

Acredito que só esta abordagem não seja suficiente. Se vocês tiverem interesse em conhecer uma abordagem mais qualitativa, orientada para singularidade, basta ir na página... Oras ! Basta participar da nossa pesquisa clicando aqui do lado direito, ou então, apenas lendo sobre o nosso projeto.

Espero que aproveitem o vídeo!



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Quipu...

E já que estamos conversando sobre a memória e seu desenvolvimento, você sabe o que é um Quipu ? 



Através de estudos evolucionistas, dos símios aos sapiens,  estudiosos como Luria e Vigotsky afirmam que a base da nossa memória, encontrada no homem primitivo, é eidética. Na ausência de mecanismos lógicos e abstratos mais sofisticados, pode-se dizer que a base da experiência do homem primitivo é apoiada na memória, de caráter imediato e eminentemente emocional. 
No curso do aprimoramento da memória do homem, a utilização de instrumentos diversos permitiu a modificação e o desenvolvimento de diferentes habilidades, o que foi essencial para que o homem se libertasse do imediatismo da memória.
Das famosas enciclopédias à infinitude da nossa atual memória virtual, um brilhante instrumento utilizado pelo homem, que interrelaciona habilidades mnemônicas e matemáticas, foi o Quipu. De acordo com Luria e Vygotsky (1996), os quipus (que significam cordões com nós, em linguagem peruana)  "são recursos auxiliares de memória convencionais, muito difundidos por povos primitivos, que exigia um conhecimento preciso por parte daquele que amarrava esses nós" (pág.117). 
Utilizados por diferentes povos ao longo da história, esses nós tinham diferentes funções como marcadores mnemônicos, que permitiam até codificação e decodificação de calculos matemáticos. Desta forma os quipus permitiam que mensagens complexas fosse enviadas (juntamente com seu interprete) a longínquas regiões.


Tudo indica que estes instrumentos sejam dos mais antigos utilizados, uma grande demonstração dos progressos do homem para o controle da sua memória, um precursor da escrita. De acordo com os autores citados, a passagem do "desenvolvimento natural da memória para o desenvolvimento da escrita, do eidetismo para o uso de sistemas externos de signos, da atividade mnemônica para a atividade mnemotécnica, constitui um ponto crucial ou uma mudança súbita que determinou todo o curso posterior do desenvolvimento cultural da memoria humana" (pág.117). 
Para finalizar, mais especificamente sobre as palavras que ficam na ponta da língua, me pergunto quantas vezes no decorrer da história um sujeito não parou com um nó desses na mão, com a sensação que sabia o que ele queria dizer, mas a palavra não aparecia : ) 

Para saber mais sobre o tema, veja o vídeo:


Obs... O livro citado aqui é o "Estudos sobre a história do comportamento - Símios, homem primitivo e criança", escrito por Luria, A.R e Vigotsky,L.S. - A edição que tenho aqui é de 1996, Porto Alegre.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Willian James e os TOTs.


Sir Willian James foi um dos primeiros autores a escrever algo sobre os TOTs. A citação é amplamente conhecida e reproduzida em grande parte dos estudos que se dedicam a tentar descobrir o que ocorre com as palavras que ficam na ponta da língua.

“Suppose we try to recall a forgotten name. The state of our consciousness is peculiar. There is a gap therein; but no mere gap. It is a gap that is intensely active. A sort of wraith of the name is in it, beckoning us in a given direction, making us at moments tingle with the sense of our closeness and then letting us sink back without the longed-for term. If wrong names are pro- posed to us, this singularly definite gap acts immediately as to negate them. They do not fit into its mold.” (1890:251)

É bastante interessante como o autor nos faz refletir sobre a singularidade do nome que falta. Temos aí um "vazio intensamente ativo" que faz com que outras palavras sejam rejeitadas. Dito de outra forma, somente ficamos satisfeitos quando achamos aquela palavra, única e insubstituível. Às vezes nos sentimos mais perto, outras vezes sentimos que nos distanciamos - Realmente, este estado de nossa consciência é peculiar... Certo ? 
Ainda que outros autores certamente tenham refletido sobre este tema antes do ano de 1890, pensar que há mais de um século estamos tentando decifrar esse enigma é, no mínimo, surpreendente ! Para quem quiser buscar a citação: James, W. (1890). The principles of psychology, volume 1 (New York: Holt) -  Para acessar o link para leitura online do livro basta clicar aqui ! 


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Metamemória


O que vem a ser a metamemória ?

Muito livros colocam os TOTs juntamente com outros fenômenos que nos permitem refletir sobre as nossas próprias memórias.

Para entender um pouquinho mais sobre estes fenômenos e a metamemória (da forma como eles são interpretados na neuropsicologia tradicional) veja o vídeo abaixo. O Dr. Kasnziack apresenta o tema de forma bastante didática.

Nesta aula sabemos mais sobre um fenômeno bastante relevante que está correlacionado aos TOTs, e que é conhecido como Felling Of Knowing, ou FOK.



segunda-feira, 16 de julho de 2012

As palavras na ponta da língua - Uma abordagem neurolinguística

Este blog está associado ao projeto de doutorado chamado "As palavras na ponta da língua, uma abordagem neurolinguística", financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), através do processo 2011/08868-4. Ele faz parte do programa de doutorado em Linguística do IEL (Instituto de Estudos da Linguagem), da UNICAMP (Universidade do Estado de Campinas). A pesquisa é realizada por mim, Marcus Vinicius Borges Oliveira, sob orientação da Prof. Dra. Rosana do Carmo Novaes Pinto.
Logo abaixo colocarei um resumo geral do projeto e o termo de consentimento da pesquisa. Caso você necessite de mais informações ou queira entrar em contato, escreva para mim através do email marcus.oliveira.fono@gmail.com.
Se você tiver interesse em participar desta pesquisa, ela funciona como um diário em que você faz um relato sempre que uma palavra estiver na ponta da língua. Não precisa ser no momento exato em que acontece, mas é importante que você faça relatos constantes dentro de um período determinado de tempo, que podemos estabelecer em conjunto, sendo o mínimo de 30 dias. Para participar, é só clicar no link à sua direita, ou aqui

As palavras na ponta da língua - Uma abordagem neurolinguística

Conhecido na literatura da área como “tip-of-the-tongue”, doravante referido como TOT, este fenômeno foi abordado pela primeira vez, enquanto investigação sistemática, em  1966, por Brown e McNeill. Segundo a literatura, a ocorrência do TOT refere-se ao momento em que o sujeito procura uma palavra acompanhado da sensação de que esta já vai surgir ou que já lhe escapou – o que justifica o uso da metáfora de que a palavra se encontra “na ponta da língua”.
Este fenômeno já tem intrigado psicólogos por mais de um século. Em 1890, Willian James (pág.251), ao escrever sobre os diversos estados em que há uma conjunção de conhecimentos e uma falha em recuperá-los, incluiu os TOTs como um exemplo no qual existe a sensação de que a palavra está iminente. Ao comentar o fenômeno, diz que este estado de consciência é peculiar, pois; “There is a gap therein; but no mere gap, it is a gap that is intensely active”. Esta intensa ativação se refere à sensação de saber que estamos próximo a palavra-alvo, mas se alguém nos propõe nomes que não sejam aquele único, definitivamente singular, nós os negaremos.
 A ocorrência da dificuldade de encontrar palavras de forma tão peculiar é verificada tanto na normalidade quanto em algumas patologias de linguagem. Nas afasias, muitas vezes, os discursos se tornam mais disfluentes, marcados frequentemente por pausas, hesitações, repetições, entrecortados por falas cristalizadas, como: "eu não consigo falar", "eu sei, mas não...", ou acompanhados por gestos que indicam que a palavra está na ponta da língua (os sujeitos apontam para a ponta da língua enquanto falam).
A maior parte dos estudos descritos na literatura reflete sobre os TOTs apenas a partir de dados empíricos (em contextos experimentais). Apesar da relevância destes estudos e de seus achados, defendemos que estudos qualitativos que considerem, sobretudo, os contextos de ocorrência dos TOTs permitem compreender melhor as características do fenômeno, bem como aspectos do funcionamento semântico-lexical, tais como a relação entre a linguagem e outras funções psicológicas superiores como memória e atenção.
Nesta discussão, o conceito de cérebro como sistema funcional complexo é essencial, bem como a noção de linguagem constituída dialogicamente e historicamente pelo trabalho dos sujeitos, sendo ambos múltiplos e incompletos/indeterminados (Bakhtin, Franchi, Coudry, dentre outros). Estes pressupostos estão ainda em consonância com outros estudos que deverão respaldar nossas reflexões: (1) Vygotsky, sobre a formação dos conceitos; (2) Luria, sobre o modelo neuropsicológico a ser utilizado; (3) Jakobson, sobre os eixos da linguagem e suas repercussões nos estados patológicos” (4) Bakhtin, sobre o conceito de “enunciado” como a unidade real da comunicação, célula viva da linguagem.
Sendo assim, este projeto tem como objetivo a caracterização linguística dos TOTs, tanto nas patologias (com ênfase nas afasias) quanto na normalidade, respaldado pelos pressupostos teórico-metodológicos da neurolinguística de orientação enunciativo-discursiva. O estudo do TOT pode nos ajudar a compreender a organização dos campos semântico-lexicais e sua relação com as demais funções cognitivas complexas (sobretudo a memória). Compreendendo as estratégias de busca da palavra desejada por diferentes sujeitos, a pesquisa pode também auxiliar no desenvolvimento de estratégias alternativas no acompanhamento terapêutico de sujeitos cuja linguagem tenha sido comprometida por processos patológicos.
Os dados a serem analisados deverão emergir de práticas significativas de linguagem, gerados em situações dialógicas de interação e de relatos em diário, na perspectiva metodológica postulada por Vygotsky (1984/2009), de caráter microgenético. Esta abordagem demanda, além da descrição de aspectos externos do fenômeno (seus fenótipos), a explicação dos processos subjacentes (postulando-se seus genótipos), estabelecendo relações causais acerca deste. Trata-se, portanto, de uma abordagem de cunho histórico-cultural, o que confere a esta pesquisa um caráter inédito.

Muito obrigado.

Marcus Vinicius Borges Oliveira
Fonoaudiólogo - CRF 9080 BA/T- RJ.                           
                                              


domingo, 15 de julho de 2012

Termo de consentimento livre e esclarecido


Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), da pesquisa “As palavras na ponta da língua – Uma abordagem neurolinguística, que faz parte do programa de Doutorado em Linguística do IEL (Instituto de Estudos da Linguagem), UNICAMP (Universidade do Estado de Campinas). A pesquisa é realizada por Marcus Vinicius Borges Oliveira, sob orientação da Prof. Dra. Rosana do Carmo Novaes Pinto.
Conhecido na literatura da área como “tip-of-the-tongue”, doravante referido como TOT, este fenômeno refere-se ao momento em que o sujeito procura uma palavra, acompanhado da sensação de que esta já vai surgir ou de que já lhe escapou – o que justifica o uso da metáfora de que a palavra se encontra “na ponta da língua”.
O propósito deste trabalho, nesta etapa, é caracterizar os TOTs por meio de relatos dirigidos. Ao participar desta pesquisa, você poderá nos ajudar a compreender a organização dos campos semântico-lexicais e sua relação com outras cognitivas complexas (sobretudo a memória). Compreendendo como ocorre a busca da palavra desejada, a pesquisa também pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias alternativas no acompanhamento terapêutico de sujeitos cuja linguagem tenha sido comprometida por processos patológicos.
Sua participação não é obrigatória e, a qualquer momento, você poderá desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo para sua relação com a pesquisador(a) ou com a instituição. Qualquer dúvida que você tenha sobre a sua participação nesta pesquisa, você pode entrar em contato com o pesquisador no email – marcus.oliveira.fono@gmail.com
Os participantes desta pesquisa não arcarão com nenhum gasto, assim como também não receberão qualquer espécie de reembolso ou gratificação pela colaboração. Vale esclarecer também que não serão identificados ao longo do trabalho. Os depoimentos serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa e os resultados serão apresentados em reuniões científicas e similares, com devido sigilo e ética profissional.

Muito obrigado.

Marcus Vinicius Borges Oliveira
Fonoaudiólogo
CRF 9080 BA/T- RJ.                           
Telefone: 21-80120662                                             

Profa. Dra. Rosana do C. Novaes Pinto
Docente DL/IEL/UNICAMP
Mat. 286.921
Telefone: 19-3521-1568